quarta-feira, 23 de abril de 2014

Bem interessante!!!

O passado das línguas e as línguas do passado


Para conhecer uma língua profundamente, não se pode negligenciar sua historia que entra em cena a Linguística Histórica, ramo que focaliza o passado das línguas e, também, as línguas do passado. 


Por Francisco Edmar Cialdine Arruda*

Constantemente temos visto várias matérias relacionadas com a história da Língua Portuguesa, as transformações que ela sofreu durante sua formação e mesmo as línguas que influenciaram sua estrutura. Mas como os estudos linguísticos se comportam diante dessas questões? Eis, então, que entra em cena a Linguística Histórica, um ramo antigo dos estudos da linguagem que dominou o século XIX e que, hoje, vem retornando aos círculos de pesquisas com uma nova roupagem. Vejamos, agora, um pouco sobre esses estudos por meio de alguns conceitos básicos e sua importância para uma formação sólida do profissional da linguagem.

Conceitos básicos
Antes de qualquer coisa, é necessário deixar claro alguns conceitos. Primeiramente, a Linguística Histórica difere da História da Linguística. Esta é uma disciplina que focaliza as ideias e teorias linguísticas em uma perspectiva cronológica, isto é, como a ciência da linguagem se desenvolveu desde seus primórdios.

Por outro lado, a Linguística Histórica se concentra no estudo do desenvolvimento histórico de uma língua: como ela surgiu, quais línguas influenciaram sua estrutura e uso, o porquê de suas mudanças no decorrer do tempo etc. Ao mesmo tempo, a Linguística Histórica se preocupa com a reconstrução de línguas antigas, sejam elas mortas ou extintas. Nesse aspecto, ela pode se confundir com a Filologia. Esta também trabalha com a história de uma língua, porém, seu método difere do método da linguística histórica por seu objeto ser documentos antigos. A partir de tais textos, a Filologia estuda uma comunidade Linguística antiga: sua língua, sua literatura, sua cultura e sua sociedade. Assim sendo, ela é mais ampla que a Linguística Histórica.

Vamos iniciar com a "Historia da Língua Portuguesa"

Curiosamente, o português surgiu da mesma língua que originou a maioria dos idiomas europeus e asiáticos. Com as inúmeras migrações entre os continentes, a língua inicial existente acabou subdividida em cinco ramos: o helênico, de onde veio o idioma grego; o românico, que originou o português, o italiano, o francês e uma série de outras línguas denominadas latinas; o germânico, de onde surgiram o inglês e o alemão; e finalmente o céltico, que deu origem aos idiomas irlandês e gaélico. O ramo eslavo, que é o quinto, deu origem a outras diversas línguas atualmente faladas na Europa Oriental.
O latim era a língua oficial do antigo Império Romano e possuía duas formas: o latim clássico, que era empregado pelas pessoas cultas e pela classe dominante (poetas, filósofos, senadores, etc.), e o latim vulgar, que era a língua utilizada pelas pessoas do povo. O português originou-se do latim vulgar, que foi introduzido na península Ibérica pelos conquistadores romanos. Damos o nome de neolatinas às línguas modernas que provêm do latim vulgar. No caso da Península Ibérica, podemos citar o catalão, o castelhano e o galego-português, do qual resultou a língua portuguesa.
O domínio cultural e político dos romanos na península Ibérica impôs sua língua, que, entretanto, mesclou-se com os substratos linguísticos lá existentes, dando origem a vários dialetos, genericamente chamados romanços (do latim romanice, que significa "falar à maneira dos romanos"). Esses dialetos foram, com o tempo, modificando-se, até constituírem novas línguas. Quando os germânicos, e posteriormente os árabes, invadiram a Península, a língua sofreu algumas modificações, porém o idioma falado pelos invasores nunca conseguiu se estabelecer totalmente.
Somente no século XI, quando os cristãos expulsaram os árabes da península, o galego-português passou a ser falado e escrito na Lusitânia, onde também surgiram dialetos originados pelo contato do árabe com o latim. O galego-português, derivado do romanço, era um falar geograficamente limitado a toda a faixa ocidental da Península, correspondendo aos atuais territórios da Galiza e de Portugal. Em meados do século XIV, evidenciaram-se os falares do sul, notadamente da região de Lisboa. Assim, as diferenças entre o galego e o português começaram a se  acentuar. A consolidação de autonomia política, seguida da dilatação do império luso consagrou o português como língua oficial da nação. Enquanto isso, o galego se estabeleceu como uma língua variante do espanhol, que ainda é falada na Galícia,  situada na região norte da Espanha.
 As grandes navegações, a partir do século XV d.C. ampliaram os domínios de Portugal e levaram a Língua Portuguesa às novas terras da África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe), ilhas próximas da costa africana (Açores, Madeira), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor) e América (Brasil).